O assédio sexual é um problema que afecta milhões de mulheres que, enquanto vítimas, enfrentam enormes dificuldades para se livrarem dos seus perpetradores, tendo que optar, muitas vezes, por sofrer em silêncio. Sendo a UMAR uma organização de carácter feminista e que luta pelos direitos humanos das mulheres, não pode alhear-se deste problema social.
O problema do assédio sexual (assim como a violação por estranhos, o stalking e outras formas de violência contra as mulheres fora do âmbito da violência doméstica) não tem, em Portugal, nem visibilidade, nem legislação adequada, e, consequentemente, não existem as respostas sociais necessárias às vítimas.
A UMAR tem vindo a trazer a público este problema, através da realização de diversas acções que visam a sensibilização da sociedade civil, tais como tertúlias, debates, acções de rua, entre outras. Todavia, a nossa avaliação aferiu que o seu impacto não tem sido o suficiente, tornando-se, por isso, premente levar a cabo acções mais focalizadas e continuadas para que a sensibilização tenha maior impacto. Este tipo de actividades permitem não apenas a denúncia do problema mas constituem igualmente estratégias de prevenção que poderão, como finalidade, conduzir à mudança da legislação e à criação de dispositivos de apoio às vítimas.
Em 2008, a UMAR levou a cabo a 'Rota dos Feminismos' com o tema dos estereótipos sobre as mulheres, realizando pequenas performances em diversos pontos do país. Esta iniciativa, além de ter permitido a sensibilização em torno da estereotipia que ainda recai sobre as raparigas e as mulheres, possibilitou perceber que, fora dos grandes centros urbanos, permanecem uma ideologia e pensamento patriarcais muito arreigados que se constituem como obstáculos à emancipação enquanto raparigas e jovens mulheres e à erradicação da violência contra as mulheres.
Visando contribuir para a mudança social, no decorrer de 2011, com o apoio da Embaixada do Reino dos Países Baixos, a UMAR organizou a 'Rota dos Feminismos contra o Assédio Sexual, na rua, nos espaços públicos e no trabalho', cujo percurso se fez por várias etapas do Sul ao Norte de Portugal Continental, e onde foram promovidas tertúlias, debates, performances, entre outras acções, tais como, realização de questionários e de um Seminário Internacional.
Pretendeu-se, com isto, consciencializar a sociedade civil e trazer esta problemática para a agenda política, de modo a despoletar políticas sociais que combatam situações deste tipo, já que constituem atentados aos direitos humanos.